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Ação contra tráfico internacional de mulheres transgênero resgata 18 vítimas em regime de escravidão em Goiás

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(Por G1) Uma operação da Polícia Federal, nomeada como Operação Fada Madrinha, que está investigando um esquema de tráfico internacional de mulheres trans brasileiras, resgatou, hoje, quinta-feira, dia 09 de agosto, cerca de 18 pessoas mantidas em regime de escravidão, a fim de poder quitar dívidas com cirurgias plásticas, na região da Grande Goiânia. De acordo com a Polícia Federal, elas podem ser partes integrantes de um esquema responsável pelo aliciamento de jovens para o tráfico internacional de mulheres transgênero.

A equipe de reportagem do G1 contatou, através do telefone, às 15h desta quinta-feira (09/08), a Procuradoria-Geral do Ministério Público do Trabalho, onde as vítimas costumam ser escutadas, mas foi informada de que as vítimas ainda estão prestando seus depoimentos, e o órgão só vai fazer um pronunciamento na sexta-feira, dia 10 de agosto, a respeito do caso.

De acordo com uma apuração da TV Anhanguera, a força-tarefa cumpre dois mandados de prisão e quatro mandados de busca e apreensão em Goiânia, Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana, Jataí e Rio Verde, ambas na região sudoeste do estado de Goiás. Mais oito mandados que foram expedidos pela Justiça Federal são cumpridos em Franca, São Paulo e Leopoldina (MG).

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A operação foi iniciada na manhã desta quinta-feira, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal. Em uma nota cuja divulgação ocorreu no começo desta quinta-feira, a Polícia Federal declarou que a investigação começou em novembro do ano passado.

Segundo informações concedidas pelo órgão, fizeram uma denúncia de que as jovens eram aliciadas por meio das redes sociais na internet, com a promessa de realização de procedimentos cirúrgicos faciais e corporais, para fazer mudanças em seus corpos e auxiliá-las no processo de transição.

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A quadrilha também prometia para as vítimas que elas participariam de concursos de misses na Itália, mas elas, na realidade, acabavam sendo forçadas a se submeter à exploração sexual e viver sob condições análogas às de escravidão.

“Os investigados aplicavam silicone industrial no corpo das vítimas e as encaminhavam para clínicas médicas para fazer o implante de próteses mamárias, havendo pistas de que as próteses usadas eram oriundas de reuso”, diz a Polícia Federal.

Conforme informado pelo Ministério Público Federal, no decorrer das investigações foi verificado que os próprios criminosos eram responsáveis pela aplicação de silicone industrial nas mulheres trans para modelagem de bocas, quadris e mamas.

“O emprego corporal da substância, utilizada para lubrificar máquinas e motores, é terminantemente proibido pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e pelo Ministério da Saúde, porque pode causar necrose, embolia, deformidades e até mesmo a morte”, explica o comunicado.

Ainda segundo o MPF, donos de repúblicas e pensionatos estão sendo investigados por ofertarem os procedimentos cirúrgicos.

Como elas ficam hospedadas nesses recintos e “financiavam” as cirurgias, as vítimas contraíam dívidas altíssimas e se tornavam “prisioneiras”.

“Para conseguirem se manter na república, e com a esperança firme de alcançarem o sonho de fazerem as adequações com a sua identidade de gênero e verem seus corpos transformados, elas se prostituem nas ruas da região, não sendo concedido permissão para elas voltarem para casa sem o faturamento mínimo do dia”, declara a nota.