O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, declarou agora nessa quarta-feira, dia 29 de agosto de 2018, que o referido país está pronto para deixar o acordo nuclear, estabelecido com algumas potências mundiais no ano de 2015, caso Teerã chegue a um veredicto de que ele não propicia nenhuma benesse aos interesses da nação. A afirmação foi concedida no decorrer de uma audiência no gabinete presidencial com Hasan Rohani, que por sua vez é o chefe do Poder Executivo do Irã.
Khamenei disse ainda que a república islâmica não irá tecer nenhuma negociação com os EUA. “Que negociações podemos ter com as indecentes autoridades dos Estado Unidos que ameaçam o Irã publicamente? Não vai haver nenhum tipo de negociação em nenhum nível com eles”, assentiu o líder religioso.
No mês de julho, o presidente estadunidense Donald Trump, emitiu um aviso por intermédio de sua conta no Twitter que o Irã “jamais ameace os Estados Unidos ou sofrerá com as consequências”, rebatendo uma outra declaração de Ali Khamenei que havia falado que um conflito com o Irã se configuraria como “a mãe de todas as guerras”.
“O acordo não é um objetivo e sim um meio. Não há problema em prosseguir com as negociações com os europeus porém, simultaneamente, não devemos nutrir esperança neles em questões como a do acordo nuclear ou do renascimento da economia iraniana”, adicionou o líder supremo, para a agência nacional ISNA, fazendo uma alusão a atitude dos países europeus diante das sanções econômicas implementadas por Washington desde o início do mês.
“Eles precisam saber que toda ação tomada por eles culminará em uma reação adequada de Teerã”, finalizou Khamenei.
O Irã é governado por um regime de caráter teocrático, em que o seu presidente, atualmente Hasan Rohani, é subordinado a um líder religioso, que nesse caso, no momento atual, é o aiatolá Ali Khamenei.
O acordo nuclear com o Irã recebeu o nome “Plano de Ação Conjunta Global” (na sigla em inglês, JCPOA) determinava limites para o enriquecimento de urânio no Irã e havia sido assinado em 2015 contando com o apoio do governo do ex-presidente estadunidense Barack Obama. Desde o momento em que tomou posse do cargo, o atual presidente estadunidense Donald Trump, afirma que o tal acordo foi um dos grandes “equívocos” da história. Além dos Estados Unidos, outros países como França, China, Reino Unido, Alemanha e Rússia estabeleceram o acordo e lastimaram a saída de Washington.
Aliás, depois da saída dos EUA desse acordo no mês de maio, o Irã não vai criar muitas expectativas nos esforços europeus de tentar salvar esse acordo e que realizava as suspensões das sanções ao Irã como uma “moeda de troca” para que o seu programa nuclear se restringisse a objetivos puramente civis.
Nesse mesmo mês de maio, os EUA anunciaram a aplicação de novas sanções contra o Irã, cuja primeira rodada começou a vigorar nesse mês. A segunda rodada de sanções, que engloba o setor energético do país, simplesmente essencial para o mesmo, vai ser aplicado a partir do mês de novembro.