Dar aulas na comunidade indígena é um grande prazer para o professor Telmo Ribeiro e para os seus colegas, mas não se pode dizer que é algo fácil, principalmente quando se trata de preparar atividades para as suas turmas.
Isso porque a Escola Presidente Afonso Pena não tem tecnologia para que essas atividades sejam impressas e também não há outros meios na região. Por isso, Telmo e alguns colegas precisam, duas vezes por mês, nadar para chegar até a cidade e fazer as impressões necessárias.
A distância entre a comunidade indígena e o local onde se pode imprimir as atividades não é pequena: são 30 quilômetros, o que já seria bastante longe de carro, sendo muito mais desgastante ainda sendo percorrida a pé.
No entanto, o problema não para por aí: existem igarapés, que são regiões alagadas e com um nível de água consideravelmente alto. Para conseguir vencer os igarapés, o professor Telmo precisa colocar as atividades em questão em uma bolsa e mantê-la sempre acima da cabeça enquanto está atravessando a área alagada.
Cabe salientar que, mesmo depois de vencer a parte alagada, o professor e os seus colegas ainda precisam caminhar por matas e regiões de difícil acesso. Nem é preciso dizer o quanto ele e os demais professores ficam cansados quando voltam à comunidade indígena, mas sempre satisfeitos porque os materiais necessários para as aulas estão garantidos.
De acordo com a opinião do próprio Telmo, a região não evoluiu nem um pouco. É claro que, sendo uma comunidade indígena, é natural que haja menos estrutura tecnológica, mas as regiões próximas, que permitem a travessia de um lugar para o outro, poderiam ser melhores.
Telmo ainda reforça que tudo está como se via na década de 80, ou seja, são quase 40 anos de atraso no investimento de melhorias para a área.
Para finalizar, Telmo ainda vai de casa em casa para tratar com cada aluno e deixar as impressões feitas na cidade.