Na semana em que a execução da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (que era do PSOL) e do motorista Anderson Gomes completa cerca de 4 meses, a organização Anistia Internacional do Brasil efetuou a divulgação hoje, dia 12 de julho, um comunicado no qual critica as instituições pertencentes ao sistema de justiça criminal brasileiro, pelo fato de, mesmo após decorrido esse tempo, eles ainda não terem sido capazes de chegar a uma conclusão para o caso em questão.
“Depois de 4 meses, a carência de solução do assassinato de Marielle deixa evidente a ineficácia, falta de competência e ausência de vontade das instituições do Sistema de Justiça Criminal do Brasil em solucionar o caso. É urgente a implantação de um mecanismo externo e totalmente independente para o monitoramento dessa investigação”, conforme afirma a diretora executiva da Anistia, Jurema Werneck. Ela igualmente solicitou às autoridades que quebrassem o silêncio e voltassem a firmar um comprometimento público em encontrar os responsáveis pela execução da mortes de Marielle e Anderson.
“A não resolução do caso deixa explicitamente claro a carência de compromisso do Estado brasileiro com relação as pessoas que defendem os direitos humanos”, afirmou.
A encarregada pela Coordenação de Pesquisa da Anistia Internacional, Renata Neder, reivindicou hoje que a carência de resolução do caso e a chance de envolvimento de agentes do Estado indicam a necessidade de se construir um mecanismo independente de acompanhamento das investigações. Quem faria parte desse órgão e como isso se constituiria são aspectos que ainda é preciso discutir.
“É fundamental para assegurar que as investigações transcorram de forma adequada, sem sofrer com intervenções inapropriadas e que todas as diligências sejam realizadas”, falou ela, que esclareceu que esse órgão não realizaria algum tipo de investigação paralela, mas somente averiguaria se os procedimentos certos estão sendo devidamente cumpridos.
Assim que o crime completou três meses, a Anistia Internacional cobrou ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro que destacasse integrantes de seus grupos especializados para fazer o acompanhamento do trabalho da Polícia Civil, que prossegue com as investigações em sigilo. De acordo com Renata, o Ministério Público não atendeu esse pedido e explanou que cinco promotores já estavam reforçando o trabalho do promotor encarregado do caso.
Os pais de Marielle estiveram presentes na sede da Anistia na manhã dessa quinta-feira para intensificar e reiterar a cobrança por uma investigação mais ágil e com maior transparência. Marinete da Silva, mãe de Marielle, contou que já não recebe mais informações das autoridades cariocas há mais de um mês.
Antônio Francisco da Silva, pai de Marielle Franco, também teceu críticas às autoridades e falou que nenhuma delas se habilita a falar com a família. Ele afirmou igualmente que tem confiança de que a Polícia tem condições de descobrir criminosos e mandantes do crime e alegou que não somente os familiares, mas toda a sociedade brasileira e a comunidade internacional também aguardam justiça para o caso.
Ao ser procurada, a Secretaria Estadual de Segurança Pública disse em nota que não vai dar posicionamento sobre o caso, porque ele está acontecendo em sigilo. Com informações da Agência Brasil.