O dólar encerrou em queda na sexta-feira (6), concentrando-se no cenário externo e contando com investidores cuidadosos frente as articulações seguintes do Banco Central do Brasil – se voltará a agir no mercado ou então se permanecerá de fora como tem acontecido nesses últimos dias, salienta a Reuters.
A moeda americana retrocedeu cerca de 1,57%, ou seja, alcançou os R$3,8702 na venda, finalizando a semana em queda de 0,17%. Na alta do dia, atingiu por volta de R$3,953. O dólar turismo, por sua vez, foi vendido por um valor em torno de R$4,04, sem levar em consideração o IOF.
“A moeda (estadunidense) segue se valorizando intensamente em comparação com o real, evidenciando que o mercado está buscando testar a autoridade monetária”, afirma a Rico Investimentos, em um relatório feito por eles.
No exterior, as expectativas dependiam fortemente dos resultados e consequências da guerra comercial a nível mundial e também da difusão de novas informações a respeito do mercado de trabalho dos EUA.
A geração de oportunidades de trabalho no mês de junho foi acima do esperado, porém o aumento salarial estável é um claro indicativo de pressão inflacionária moderada que provavelmente manterá o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) em caminho rumo a elevação progressiva da taxa de juros.
O Federal Reserve aumentou a taxa de juros duas vezes em 2018 e, de forma genérica, a perspectiva é de que haja pelos menos mais dois aumentos esse ano.
O mercado realiza o monitoramento de pistas sobre os caminhos possíveis dos juros nos Estados Unidos pois, com taxas mais elevadas, o país fica muito mais atrativo e interessante para aplicação de investimentos nos dias de hoje em outros mercados, como o Brasil, por exemplo, incentivando dessa forma uma tendência de alta do dólar com relação ao real.
Interferência do Banco Central
Ilan Goldfajn, atual presidente do Banco Central brasileiro, salientou em ocasião anterior que não baseará a conduta no câmbio em cima das mudanças de preço, procurando apenas acalmar os ânimos do mercado no momento de avaliar o acontecimento da carência de liquidez ou de alguma “onda de desespero”.
O Banco Central não tem realizado nenhuma interferência expressiva no mercado através de leilões de novos swaps cambiais desde a semana anterior. A única intervenção que eles fizeram foi somente a venda desses contratos para prosseguir com a rolagem dos vencimentos futuros, como ocorreu nessa sessão.
O Banco Central ofereceu e vendeu, de maneira integral, cerca de 14 mil swaps para a rolagem dos contratos cujo vencimento se dá em agosto, somando um total de 14 bilhões de dólares.
O papel da guerra comercial
Depois de longos meses de discussões, começou a vigorar nessa sexta-feira, dia 5, a tarifação de 25% sobre diversos produtos chineses importados pelos EUA. A totalidade de bens afetados deve alcançar os 50 bilhões de dólares.
Em resposta a essa medida, a China vai impor tarifas que equivalerão a 30 bilhões de dólares em produtos norte-americanos.
Essa disputa entre as duas potências pode e vai afetar diretamente o Brasil, que faz comércio com ambos os países. Isso encarecerá uma série de produtos, reduzirá a exportação de produtos brasileiros e influenciará no aumento do dólar.