O geógrafo Márcio Cabral, que tinha recebido o prêmio Vida Saudável no ano passado, teve retirada a premiação porque foi acusado de manipulação na imagem vencedora. No registro, que teria sido feito no Parque Nacional das Emas, que fica em Goiás, mostra um grande tamanduá movendo-se ao encontro de uma árvore.
No primeiro momento, os avaliadores do concurso Vida Selvagem não viram nada de suspeito na foto. Porém, houve uma série de denúncias de que se tratava de um animal empalhado que tinha sido posicionado daquela forma, ou seja, não havia nada de “vida selvagem” naquele registro.
Quando foi realizada a denúncia, um dos juízes do concurso fez uma declaração bastante severa, dizendo que a punição de Cabral deveria servir para que os demais participantes se lembrem de que qualquer trapaça será notada.
Quem toma conta do concurso em questão é o Museu de História Nacional de Londres e foi ele que recebeu as denúncias. O que as pessoas comunicaram é que existia uma escultura de tamanduá empalhado no próprio Parque Nacional das Emas e que, provavelmente, o geógrafo tinha levado essa escultura para a área da foto e a posicionado.
Como a fraude foi confirmada
O Museu utilizou o conhecimento de cinco especialista e eles fizeram as suas avaliações de maneira separada, para que ninguém fosse manipulado. Depois de todos terem avaliado a foto, inclusive uma pessoa especialista em Taxidermia (que é a arte do empalhamento), declarou-se que era mesmo uma fraude.
Algumas coisas que esse grupo de profissionais analisou para ter certeza de que era o exemplar do parque, mas em outra posição, foram a forma como os pelos estavam e também a sua postura, além de certas marcas. O tamanduá que se vê na foto tem as mesmas características do que está empalhado no parque. A partir dessa hora, a premiação que tinha sido dada a Cabral foi retirada.
O que Márcio Cabral alega?
O geógrafo diz que é impossível que ele tivesse levado o animal empalhado para colocar na foto porque o parque estava repleto de pessoas: dessa forma, seria obrigatório que alguém tivesse visto isso. Cabral também menciona que existiam outros fotógrafos na hora em que ele fez a foto, assim como outras pessoas, e que existe comprovação de que seu registro do tamanduá é real.
As alegações do geógrafo continuam e ele diz que se sente triste pela decisão do Museu de História Natural de Londres, que não deixou que essa foto continuasse na exposição. Por fim, o brasileiro garante que vai recorrer.
O que é empalhar?
O empalhamento, chamado também de Taxidermia, é uma técnica onde os órgãos internos e demais tecidos são retirados do animal, ficando apenas a sua pele e também os seus ossos. O taxidermista faz a devida limpeza interna do corpo e depois o preenche com material sintético que não estraga.
Existem técnicas mais modernas que excluem até mesmo os ossos: o animal fica firme porque existem moldes e porque ele é congelado de acordo com a posição que o taxidermista quer. Há motivos diversos para que alguém faça o empalhamento: porque a pessoa tinha muito apego ao animal, para fazer uma homenagem, por questões profissionais, para decoração, etc.
Desclassificação parecida por causa de um lobo
No ano de 2009, outra foto foi acusada de ter sido manipulada: ela mostrava um lobo ibérico que estava pulando sobre um portão. A manipulação aqui não foi sobre um animal “morto”, mas sobre o temperamento: o logo em questão vivia em um zoológico e era absolutamente manso, não existindo “Vida Selvagem”.