Arábia Saudita transferiu na terça-feira, 16 de outubro para algumas contas do governo dos EUA, uma soma de US$ 100 milhões (o equivalente a R$ 369 milhões) – no dia em que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, chegou no referido reino árabe para falar a respeito do caso do desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi, de acordo com os jornais The New York Times e Washington Post.
A quantia em dinheiro havia sido prometida por Riade ao governo de Donald Trump como uma forma de dar uma contribuição compensando os esforços americanos para estabilizar áreas da Síria livres do Estado Islâmico.
A transferência do dinheiro é uma verdadeira vitória para Trump, que sempre se lamenta do quanto o país dispõe de recursos no exterior e obriga os seus aliados a darem contribuições. Contudo, o timing da transferência suscitou uma série de questionamentos mesmo por parte de burocratas cujos programas serão imensamente beneficiados com esses fundos, de acordo com o New York Times.
“Esse timing não é coincidência”, falou ao New York Times uma fonte relacionada com as políticas para a Síria.
Khashoggi está desaparecido desde o dia 2 de outubro, durante uma visita ao consulado saudita na cidade de Istambul, na Turquia, local para o qual se deslocou a fim de retirar documentos para poder conseguir se casar.
Alguns relatos oriundos da mídia turca pautados em gravações de áudio apontam que o jornalista foi torturado, morto e esquartejado momentos depois de ter entrado no edifício.
A Turquia acusa Riade pelo crimes, porém as autoridades sauditas negam.
Depois de ter conversado com o príncipe saudita Mohammed bin Salman (MBS), na segunda-feira, 15 de outubro, Trump lançou a sugestão de que “matadores de aluguel” talvez tivessem sido os responsáveis por uma eventual morte do jornalista. Logo em seguida, questionou a imprensa por estar, segundo ele, culpando de maneira precipitada o regime saudita pelo fato.
Brett McGurk, enviado do Departamento de Estado para coalizão que empreende uma luta contra o Estado Islâmico, negou que a transferência de fundos esteja relacionada ao caso, falando que o dinheiro em questão já havia sido prometido desde o mês de agosto.
“Essa transferência específica de fundos estava em processo há muito tempo e não tem nada a ver com outros eventos ou com a visita do secretário”, declarou, de acordo com o Times.
Uma monarquia abundante em petróleo, a Arábia Saudita sempre nutriu a maior confiança em sua liberalidade financeira para convencer parceiros a fornecerem todo o apoio às suas intenções no que se refere à política externa. Conforme informações do Washington Post, diplomatas ocidentais estão suspeitando que o reino também vai dar alguma recompensa a Turquia por sua disposição em realizar uma investigação conjunta sobre o desaparecimento de Khashoggi – como uma espécie de perdão de dívidas.
“Em toda probabilidade, os sauditas querem que Trump saiba que essa cooperação em acobertar o caso Khashoggi é importante para o monarca saudita”, falou Joshua Landis, da University de Oklahoma, ao Washington Post. “Muitas das suas promessas financeiras aos EUA seriam contingenciadas por essa cooperação.”
A Embaixada da Arábia Saudita em Washington não deu até o momento nenhuma resposta às solicitações de comentários.