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A revolução permanente mexicana

Crédito da imagem Edgard Garrido Reuters
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As eleições mexicanas de 2018 tem sido bastante intensas e repletas de debates a respeito da igualdade e justiça social. Mantendo uma enorme tradição nacional, o candidato à presidência do México, Andrés Manuel López Obrador, fez promessas durante a sua campanha eleitoral efetuar uma revolução cujos moldes imprecisos e às vezes contraditórios não iriam ser empecilho para a obtenção do apoio de um contingente gigantesco de cidadãos mexicanos.

Conforme declara o próprio Andrés, essa revolução que ele prometer por em curso seria a quarta na história do país, sendo precedida por aquela depois da Independência (1821), da Reforma (1855-1863) e da Revolução Mexicana propriamente dita, a famosa de 1910. Dito de outra forma, seria uma revolução permanente a ser empregada.

O contínuo e ávido desejo de avanços sociais ganhou mais corpo nos últimos anos e se aliou ao profundo desespero pelos alarmantes níveis de insegurança e violência, assim como o espanto com a corrupção alastrada por todos os lados, a qual os cidadãos observam, sentindo-se impotentes e conformados, simultaneamente, como se fosse um desastre da natureza.

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O resultado não poderia ser mais evidente: um número superior a 50% dos votos em um país cujo sistema eleitoral possui apenas um turno, que possibilita que alguém com um pouco mais de um terço dos votos válidos se torne presidente da República.

A prova disso foi a eleição de Enrique Peña Nieto, com 38,5% dos votos. Felipe Calderón, por sua vez, com 35,91% dos votos. Os cerca de 30 milhões de votos recebidos por Obrador no domingo, superando em 10 milhões os votos obtidos por Nieto há 6 anos atrás, fez dele, com larga margem, o presidente com o maior número de votos de toda a história do México.

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Não há sombra de dúvidas de que esta ampla margem lhe conceda um claro e inegável mandato democrático, ainda que ninguém saiba dizer com precisão no que isso consiste.

O candidato vencedor López Obrador procurou de forma calculada, fria e precisa a ambiguidade da situação: conseguiu abranger, a seu próprio partido, o Morena, o apoio de uma parcela pequena, mas explicitamente evangélica e conservadora;conseguiu, após um período de tensões, trazer para sua base de apoio os empresários e por fim, a despeito dos receios destes sobre a agenda relacionada aos direitos sociais, casamento homoafetivo e aborto, uma parcela expressiva dos jovens.

Reunindo o apoio de todos esses grupos, conseguiu os votos massivos destes, desbancando do poder os partidos PAN e PRI, que se alternavam no poder pelos últimos 30 anos.

O trabalho que espera o presidente recém-eleito pela frente é simplesmente gigante. Todos os problemas que afligem os cidadãos mexicanos e que fizeram com que ele subisse ao poder são complexos de serem resolvidos e nem de curto prazo: a corrupção que toma conta da política, os preocupantes e elevados níveis de insegurança e violência, o frustrante crescimento econômico e a terrível distribuição desse mesmo crescimento.

Com o temor por um descontrole das contas públicas, o receio de um déficit financeiro e o medo de um retrocesso na independência judicial e na liberdade de imprensa, tudo isso levou Obrador a buscar acalmar o país, reforçando seu compromisso com a estabilidade financeira, um ótimo governo e um diálogo aberto com as demais forças políticas. Ele deixou evidente ainda seu compromisso com as liberdades individuais e sociais, fazendo uma menção especial à comunidade LGBT.