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Lava Jato e Rio de Janeiro: ex-secretário de Segurança do Estado também teria recebido dinheiro

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Mais uma pessoa denunciada como recebedora de propina durante os trâmites da Lava Jato: trata-se de José Mariano Beltrame, que tomava conta da Secretaria de Segurança carioca. Quem entregou a sua participação foi Carlos Miranda e o valor seria de R$ 30.000,00 todos os meses: a sua esposa recebia o dinheiro para ele e a propina durou por sete anos, começando em 2007 e indo até 2014.

Sem dúvida, Beltrame é uma pessoa importante para o serviço estadual do Rio de Janeiro, já que ficou à frente da Segurança por 10 anos, saindo somente no final de 2016. Aliás, ele trabalhou durante todo o tempo em que Sérgio Cabral foi governador, lembrando que ele também está preso por corrupção.

Quem é o delator e o que mais ele contou

Carlos Miranda, o delator, tinha o apelido de “homem da mala” porque era ele quem entregava as propinas. De acordo com ele, o ex-secretário teria alugado o seu apartamento, que fica na nobre região de Ipanema. Além disso, o dinheiro da propina não ia diretamente para José Mariano Beltrame, provavelmente para que ele fosse protegido: na verdade, passava primeiro a Paulo Fernando Magalhães Pinto, que é um empresário já está sendo acompanhado pela Polícia Federal exatamente pela sua função de “laranja”.

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Na realidade, Carlos Miranda já fez algumas revelações importantes à Lava Jato e o seu acordo de delação já foi aceito pelo Supremo Tribunal Federal: o juiz que o homologou foi Dias Toffoli, no ano de 2017. No entanto, a prisão dele ocorreu em conjunto com a de Sérgio Cabral, em 2016.

O que Beltrame alega?

O ex-secretário de Segurança disse que as afirmações de Miranda “não têm pernas” e que já mentiram sobre ele em vários momentos. Ele rebateu a delação premiada por meio de uma nota, inclusive dizendo que alugou o apartamento, mas de Paulo Fernando e que ganhou causas na Justiça referentes a essa locação, já que pode apresentar os recibos de todos os meses.

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Atual Governador do Rio também é denunciado

A delação premiada de Carlos Miranda não deixa de fora o atual governador carioca, Luiz Fernando Pezão. Uma vez que também participava do esquema, ele teria recebido R$ 2.000.000,00 na qualidade de “bônus”, no mesmo período em que Beltrame recebeu propina.

No entanto, Pezão não teria praticado somente corrupção passiva, mas ativa também: ele pagava R$ 400.000,00 mensais para o ex-governador Cabral desde quando ele saiu do seu cargo. Mais uma vez, a delação foi contestada pelo acusado, que diz que a Polícia Federal já realizou investigações sobre ele e que Miranda mente.

 

Segurança carioca precária

É impossível não pensar na imensa crise de segurança que o Estado do Rio de Janeiro vive há muitos anos: afinal, José Mariano Beltrame era o responsável pelas políticas públicas dessa pasta. O que torna o quadro paradoxal, no caso de Carlos Miranda estar falando a verdade, é que foi o ex-secretário quem esteve à frente da criação das unidades de Polícia Pacificadora (UPP).

De toda forma, o Estado passa por um momento crítico quando se trata de violência: cabe relembrar a vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em 14 de março deste ano. Além dela, outro episódio que reforça como a segurança é prejudicada é a necessidade de intervenção do Exército: agora, o Rio de Janeiro possui um interventor militar, tudo a fim de que a violência, causada especialmente pelo tráfico, seja controlada. No ano da posse do ex-secretário, já existia um quadro de violência ampla, inclusive com a queima constante de pneus.