O presidente da Eritreia, cujo nome é Isaias Aferwerki e o então primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, assinaram uma declaração agora, nessa segunda-feira, dia 09 de julho de 2018, dando um fim ao chamado “estado de guerra” entre ambas as nações e, dessa forma, pondo um fim a 20 anos de tensos conflitos.
Além dessa declaração sobre o término da guerra, as duas autoridades máximas dos referidos países entraram em um acordo para efetuar a abertura de embaixadas, o restabelecimento de comunicações, restabelecimento de rotas aéreas e conceder permissões para que a população etíope utilize portos eritreus. Esse tratado de paz foi assinada na capital da Eritreia, a cidade de nome Asmara, em uma visita de caráter histórico do premier etíope.
Um cidadão etíope, Ermiyas Teklu, contou animado e feliz em uma declaração que recebeu uma primeira chamada vinda de Asmara, para falar com seu tio pela primeira vez após decorridos 20 anos. Relatou ainda que a última vez na qual teve algum contato com seus parentes ele estava em um terceiro país.
Entenda o conflito entre Eritreia e Etiópia
A Eritreia e a Etiópia encontravam-se em estado de guerra desde o ano de 1998, por causa da posse de uma região chamada de Badme.
Em dezembro do ano 2000, depois da morte de um contingente de cerca de 70 a 100 mil pessoas no referido conflito, o premier etíope, Meles Zenawi e Afewerki estabeleceram um acordo de paz na Argélia. Entretanto, esse acordo jamais foi respeitado.
Em 2002, uma comissão que recebia o apoio da ONU demandou que a região de Badme ficasse sob a posse da Eritreia, porém a Etiópia não reconhecia essa decisão.
A situação se transformou no começo de junho, quando Ahmed, que tem uma postura reformista e havia assumido o cargo de premier nos dois meses anteriores a isso, aceitou por completo os termos constantes no acordo de 2000 e se comprometeu a retirar as suas tropas que até então estavam em Badme. Nas redes sociais, a reaproximação entre ambos os países tem recebido comparações com a queda do Muro de Berlim, na Alemanha.
O primeiro-ministro Ahmed deu pistas de que tem intenções de trazer estabilidade ao país, assolado por sérias dificuldades econômicas, uma altíssima dívida externa e pela profunda carência de investimentos estrangeiros.
Outra evidência disso é uma revogação recente do estado de emergência que vigorava desde o mês de fevereiro, por conta das manifestações que conseguiram derrubar o ex-primeiro-ministro Hailemariam Desalegn.
O caminho a ser percorrido, todavia, não vai ser tão suave e tranquilo. Há pouquíssimo tempo, um comício de Ahmed, realizado em Adis Adeba, foi alvo de um atentado.
Por outro lado, Afewerki está no governo da Eritreia desde que o país se tornou independente da Etiópia, em 1993 e já recebeu acusações de violações dos direitos humanos por realizar perseguições aos membros da oposição e impor serviço militar obrigatório a toda a população masculina.
Além disso, o país ocupa a posição de 179 em uma lista composta por 180 nações, sobre a liberdade de imprensa feita por uma ONG chamada Repórteres Sem Fronteiras, fica acima apenas da Coreia do Norte.