Em uma análise que levou em consideração um número acima de 125 países, incluindo o Brasil, um estudo apurou que os países onde há mulheres ocupando uma posição de destaque no governo são menos corruptos que os demais.
O estudo em questão foi publicado em um periódico chamado “Journal of Economic Behavior & Organization“. Os responsáveis pela pesquisa são Chandan Jha e Sudipta Sarangi.
Esse estudo mostra ainda que a representatividade das mulheres na política local é igualmente de suma relevância. Na política local do continente europeu, por exemplo, as chances de suborno são bastante reduzidas nas regiões onde há uma maior representação feminina.
Conforme afirma um dos autores do estudo, o professor de economia Sudipta Sarangi “Essa pesquisa evidencia a relevância do empoderamento feminino, a sua presença em cargos de liderança e também a sua representatividade no governo”.
Sarangi ainda diz “Isso é particularmente importante pois as mulheres ainda permanecem sendo pouco representadas na política. Na boa parte dos países, o que engloba os Estados Unidos”.
Uma lei que está vigorando no Brasil nos dias atuais estima que um contingente de ao menos 30% dos candidatos necessitam ser do gênero feminino. No ano de 2016, entretanto, as mulheres acabaram fazendo parte de um grupo de 86% dos 18,5 mil candidatos que não tiveram nenhum voto ou não receberam votos suficientes.
De acordo com especialistas, a lei acaba não sendo efetiva na prática, pois acabaria servindo somente para dar ensejo ao que se chama de “candidaturas laranjas”, ou seja, candidaturas efetuadas somente para cumprir a cota estipulada.
O estudo de Sarangi e Jha é um dos mais amplos a respeito desse assunto e analisa as consequências da presença feminina em outros cargos e funções, o que inclui também a participação das mulheres na composição da força de trabalho, cargos de tomada de decisões, cargos de liderança, entre outras posições importantes.
A pesquisa concluiu que é imprescindível a existência da elaboração de novas políticas nas quais as mulheres possam exercer um impacto maior sobre a corrupção.
Uma explicação plausível para essa ocorrência se dá pelo fato no qual mulheres que formulam políticas são mais propensas a dar preferência políticas que realizam melhorias em coisas como saúde, educação, provisão de bens e bem-estar infantil.
Em outras palavras, esses resultados não querer dizer necessariamente que mulher sejam intrinsecamente menos corruptas que os homens.
A pesquisa sugere que a política é um segmento onde a igualdade tem relevância ao passo em que pode auxiliar na diminuição da corrupção.
Método utilizado na pesquisa
A pesquisa se vale de uma técnica estatística, conhecida sob o nome de análise de variáveis instrumentais, para determinar as potenciais causas na relação entre mulheres e corrupção, dado que não é possível dizer, em termos de genética, que as mulheres são menos ou tão corruptas quanto os homens.
Dá para se crer, a princípio, que a relação entre gênero e corrupção está propensa a desaparecer ao passo que as mulheres conquistam igualdade no seio da sociedade. Isso ocorreria porque, conforme a situação das mulheres vai melhorando, elas teriam um acesso maior às redes de corrupção. No entanto, o que essa pesquisa aponta é justamente o contrário disso: quanto maior é a igualdade do status nos locais onde há uma quantia maior de mulheres no governo, a corrupção é menor.