Ao menos 20 corpos do período medieval foram encontrados por uma equipe de arqueólogos em Santa Maria Maior, na cidade de Lisboa, capital de Portugal. Contudo, a equipe crê ainda aparecerão muito mais corpos, de acordo com a coordenadora do projeto para a Lusa.
Até o presente momento, eles já possuem 20 corpos devidamente identificados, contudo, é bem possível que ainda vão surgir mais, pois eles só descobriram o primeiro nível de sepulturas, conforme afirmou Vanessa Filipe, a arqueóloga e também coordenadora do projeto de instalação de ecopontos da Câmara Municipal de Lisboa.
O cemitério foi descoberto na área que conecta a Rua de Martim Moniz à Rua da Madalena, na freguesia de Santa Maria Maior, e a arqueóloga explanou que foi encontrada no dia 26 de Junho, no escopo de um trabalho no qual o time de arqueólogos efetua o registro e o diagnóstico arqueológico das áreas precedentes à instalação dos ecopontos.
Segundo eles, eles tem quase a certeza de que existem pelo menos mais cinco corpos, conforme disse a coordenadora, acrescentando também que os trabalhos arqueológicos precisarão levar pelo menos mais duas semanas.
Existe sete pessoas trabalhando na descoberta e Vanessa Filipe explicou de que se trata de uma espécie de necrópole do período medieval, com data entre o século XIV, começo do século XV.
As escavações realizam induzem a equipe a crer que o cemitério está relacionado a uma ermida que seria de propriedade dos marqueses de Cascais e que o adro da igreja estaria virado para o lado onde os corpos estão sepultados, de acordo com o que foi esclarecido por Vanessa Filipe.
A necrópole é “completamente cristã”, já que todos os corpos foram enterrados com a cabeça para oeste e os pés para leste, para, assim que se levantarem, serem direcionados para a nascente, salientou Vanessa Filipe, contando ainda que há outros cemitérios parecidos em Lisboa.
Os corpos vão continuar com a equipe de arqueólogos durante os 3 anos vindouros e a perícia vai ser efetuada em conjunto com o Centro de Arqueologia de Lisboa (CAL), que receberá os corpos, depois de analisados.
Vanessa Filipe falou que os arqueólogos não podem tirar os corpos da sepultura logo que eles os encontram, missão essa que é de responsabilidade de uma antropóloga, que igualmente registra todas as doenças associadas aos corpos.
A antropóloga Sônia Ferro contou à Lusa que o cemitério se prolonga para o exterior da vedação, mas a equipe somente pode escavar na parte atingida para a construção dos ecopontos.
Dos sepultamentos levantados, metade deles são de homens, metade são de mulheres, todos eles adultos, com exceção de uma criança, declarou, dizendo ainda que o corpo da criança é o único sepultamento com sinal de alguma doença mais grave.
O corpo da criança detinha uma infecção em todos os ossos, o que pode ser a evidência de uma tuberculose, e os demais corpos mostram marcas comuns de envelhecimento.
A pesquisadora falou que “à partida [os corpos] serão de gente do povo, com menos recursos, pois estavam sepultados apenas em terra.