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Assessora fantasma de Jair Bolsonaro vende açaí em pleno horário de trabalho

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(Folha) Muito ao contrário do que vem tentando reforçar e repetir, o deputado e candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ) permanece utilizando verba oriunda da Câmara dos Deputados para o pagamento do salário de uma funcionária que supostamente pertenceria ao seu gabinete que, na verdade, vende açaí na praia onde Bolsonaro possui uma casa de veraneio.

A equipe de reportagem da Folha fez uma visita ao local, hoje, segunda-feira, 13 de agosto e comprou com Walderice Santos da Conceição, de 50 anos de idade, um açaí e um cupuaçu, em pleno horário de expediente da Câmara dos Deputados.

Ela contou que trabalha no estabelecimento, que carrega seu nome, “Wal Açaí”, todas as tardes, em um pequeno vilarejo chamado Vila Histórica de Mambucaba, a 50 km de Angra dos Reis.

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Poucos instantes após a reportagem da Folha se identificar e sair da cidade, ela telefonou para a Sucursal da Folha em Brasília dizendo que ia pedir demissão do cargo.

No inicio da noite, o candidato confirmou a demissão da referida funcionária em uma entrevista coletiva e falou que o “crime dela foi dar água para os cachorros”.

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A Folha descobriu a existência de Wal, que nada mais é do que o apelido pelo qual ela é conhecida na região, como funcionária fantasma em janeiro e o caso se tornou novamente um assunto em discussão quando o aconteceu o debate eleitoral entre os presidenciáveis realizado pela Bandeirantes na quinta-feira passada, dia 09 de agosto.

O candidato à presidência do PSOL, Guilherme Boulos, fez uma pergunta a Bolsonaro “Quem é Wal?”.

Antes que a equipe da Folha revelasse quem era de fato, eles conversaram com Walderice na modesta vendinha de açaí onde ela trabalha. Em um dado momento, ela chegou a fazer alguns comentários sobre o debate na Band.

“Ele [Boulos] falou que o Jair possuía uma funcionária fantasma.” Como resposta à pergunta da Folha sobre quem seria a tal funcionária, Walderice disse: “Sou eu mesma.”

Na reportagem do mês de Janeiro, a Folha descobriu e divulgou que Wal não estava trabalhando no gabinete do deputado. Segundo algumas pessoas que residem na cidade, ela também prestava alguns serviços de caráter particular na casa de Bolsonaro, mas a sua atividade  principal seria a comercialização de açaí.

A secretária está caracterizada como tal desde o ano de 2003, sendo, em teoria, um dos 14 funcionários do gabinete parlamentar de Bolsonaro, em Brasília, recebendo nos dias atuais um salário bruto no valor de R$ 1.416,33 ​.

De acordo com alguns habitantes da região, o marido de Wal, Edenilson, presta serviços como caseiro para o deputado.

Após a reportagem, o deputado Bolsonaro passou a dar diversas e contraditórias versões a respeito da assessora. Na primeira versão, falou que procurou o endereço do lugar e notou que o “quiosque” de açaí era da irmã de Walderice.

Em uma outra tentativa de se explicar, falou que sua secretária de gabinete estava desfrutando de um período de férias na época em que a Folha visitou o estabelecimento na primeira ocasião. Essa foi a versão que ele forneceu, a nível de exemplo, como uma forma de resposta para a pergunta de Boulos no debate da Band.