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Crítica: Alfa (2018)

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Como historiadora, é sempre complicado fazer a crítica de algum filme, sobretudo aqueles mais mainstream, pois o nosso olhar especializado tende a ser mais “duro” em filmes de temática histórica. No caso de “Alfa”, a solução foi ver o filme com o coração e mente abertos.

Entretanto, por mais disposição que haja, não há como gostar de “Alfa”. Não pela questão da história. Mas porque realmente se trata de um filme bastante ruim, muito mesmo.

Alfa é um daqueles filmes ruins e que você até tenta dar uma chance para ver se no decorrer do “play” ele melhora. Contudo, infelizmente, isso não ocorre. É um filme de qualidade péssima, do começo ao fim.

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A priori, ele se trata de um filme “histórico”, situado no período da pré-história, que trata a respeito de uma história de sobrevivência. Ou, para sermos mais precisos, é o que se chama de “cautionary tale”. Em outras palavras, é um conto enunciado no folclore com o intuito de alertar o ouvinte (nesse caso, o espectador) acerca de um perigo.

A sinopse do filme, de forma resumida, é a seguinte: o jovem de uma tribo pré-histórica, datada de 20 mil anos E.C., está passando por uma espécie de ritual de passagem para a maioridade.

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Como parte desse processo, ele vai com seu pai (que é chefe da tribo) e os demais membros da tribo para uma perigosa caçada. Entretanto, tudo dá errado, pois ele acaba sendo atingido por um dos animais e cai de um penhasco.

Seu pai e os membros da tribo acreditam que ele morre e vão embora. Contudo, ele ainda está vivo, apesar de bastante machucado. A partir de então, ele vai tentar sobreviver em meio a esse cenário hostil.

Durante esse trajeto, ele encontra uma alcatéia e, para tentar escapar, fere o lobo alfa (daí o nome do filme) e sobe na árvore. Os outros lobos vão embora e o alfa permanece, por estar ferido. Ele decide cuidar do animal.

Desse momento em diante, ele vai buscar sua sobrevivência em meio a esse ambiente selvagem, com a ajuda do lobo, com o qual constrói uma excelente relação de amizade.

Só esse “fio” de enredo por si só já é ruim o bastante. A história do filme é fraca, ruim, pobre, frágil. A obra é repleta de cenas de silêncio (o que não é, normalmente, nos filmes em geral, necessariamente ruim), mas os poucos diálogos são mal construídos, ralos, realmente rasos demais.

Um sentimentalismo tolo permeia as relações, sobretudo entre Keda (o jovem) e seus pais. O filme é repleto de clichês e usa aquela velha fórmula batida da pessoa “menosprezada” de um grupo que tenta provar o seu valor. Outros filmes usam essa fórmula também, mas Alfa não é capaz de convencer na tentativa frustada de fazer o mesmo.

Alfa é um misto de filme histórico com drama de animal. Contudo, a obra não teve a competência necessária para trabalhar de forma interessante e eficiente esse mix de gêneros.

As atuações de todos são igualmente ruins, sobretudo do jovem Keda e sua mãe. O ator de Keda tenta se esforçar, mas logra no máximo em parecer um adolescente mimado.

Tudo é muito forçado no filme, desde a narrativa em si, passando pela história até as atuações. A estética do filme ganha meio ponto, por conseguir, por vezes, ser bonita. No entanto, fica bem explícito os efeitos visuais, que não foram felizes na sua veracidade.

A única interessante em todo o filme acontece nos minutos finais. Keda, que conseguiu retornar com o lobo para a sua tribo, está dentro da cabana se aquecendo, junto com a família, membros da tribo e obviamente o lobo. Quando a “pajé” da tribo está tentando auxiliar o bicho, de repente surge um filhotinho. Sim, ao contrário do que se imaginou o filme inteiro, Alfa não é um macho e sim uma fêmea.

Voltando um pouco atrás para entender melhor, mais para o começo do filme, no decorrer do rumo da caçada, o pai de Keda mostra no topo de um monte um lobo alfa, que seria o grande líder da alcateia, mais forte e poderoso que os demais, responsáveis por todos; o alfa é muitas vezes questionado e terá que provar seu valor.

Quando se fala em alfa, em uma sociedade patriarcal e machista como a nossa, logo pensamos em “macho alfa” e coisas do gênero, associando posições de poder e pessoas com atributos fortes como sendo do gênero masculino.

No entanto, nesses 5 minutinhos finais, nessa cena especificamente, o filme quebra esse senso comum ao mostrar que o lobo alfa é na verdade uma fêmea, o que é interessante.

Enfim, Alfa é uma obra pretensiosa demais, mas que não obtém sucesso em praticamente nenhum propósito.