Um estudo começado no ano de 2015 e terminado, no dia 08 agora, mostrou que todas as bacias hidrográficas desse Estado apresentam mercúrio em suas águas e, consequentemente, em seus peixes. Isso quer dizer que as pessoas estão se alimentando de carne contaminada, de acordo com o Instituto de Pesquisas Científicas do Amapá (IEPA).
A pesquisa ficou parada por quase dois anos, tendo voltado a ser feita no ano passado e uma das causas mais prováveis para essa contaminação é o garimpo: conforme as empresas de exploração mexem naquele solo, o mercúrio vaza e acaba passando para as águas. Aliás, é válido dizer que muitas das explorações são feitas de modo ilegal.
O começo da pesquisa do IEPA foi exatamente em regiões que ficavam mais perto dos garimpos; porém, os pesquisadores passaram a analisar as áreas que ficavam mais longe e a concentração de mercúrio continuou sendo detectada. Apesar de ser comum que esse composto esteja na natureza, é difícil detectar quanto exatamente vai haver em um ambiente específico.
O que está sendo feito com os peixes?
O IEPA tem outros órgãos participando dos seus estudos e das suas ações, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a ONG WWF Brasil e também o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena. Essas instituições conjuntas estão recolhendo os peixes a fim de fazer análises profundas: no momento, a prioridade é para os para as espécies carnívoras, como o trairão e a piranha preta.
Também faz parte da ação desses institutos a conscientização das pessoas que têm consumido esses peixes. Um desafio imenso é “impedir” a população de pescar nessas bacias hidrográficas, inclusive porque esse é o sustento de muitos lá. Porém, com a catalogação, pode-se dizer aos cidadãos quais são os peixes que estão mais contaminados para que esses especificamente deixem de ser ingeridos.
Mais do que a OMS aceita
A preocupação dos órgãos envolvidos é que existem crianças ingerindo esses peixes e, por elas estarem com o seu organismo se desenvolvendo, há muito mais perigo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aceita que os alimentos tenham um nível de mercúrio de 0,5 micrograma por cada grama de músculo. Contudo, os peixes do Amapá chegam a ter até 20 vezes mais que isso.
Alguns rios foram mais contaminados que os outros, como Amapá Grande, Jari, Cassiporé, Oiapoque e Araguari. Enquanto algumas famílias ribeirinhas necessitam pescar, o indicado é que não seja, de maneira alguma, nesses rios.
Malefícios do mercúrio
Importante dizer que não é nenhum exagero dos institutos envolvidos: realmente, a ingestão de mercúrio ocasiona danos sérios à saúde, especialmente a longo prazo. No caso de a pessoa já estar ingerindo esse metal há certo tempo, ela começará a apresentar dentes moles, dor de cabeça constante, insônia, irritabilidade ou nervosismo, tonturas, lapsos de memória, confusão mental e muito mais. A razão para os sintomas acima é que o mercúrio vai danificando o sistema nervoso central.
No caso de uma contaminação grave imediata, os indivíduos têm úlceras estomacais, fraqueza, inchaço na pele, emagrecimento e mais. No caso de se acreditar em uma contaminação por esse metal, é indispensável parar de consumir o alimento (no caso, o peixe) e procurar um médico.
No geral, o tratamento para esse tipo de contaminação é usar vitaminas, como E e também A, além de remédios para a depressão. Porém, quando se tem uma contaminação mais séria, como a demonstrada pela existência de úlceras, o tratamento pode ser mais difícil. Quando as crianças comem qualquer coisa que tenha mercúrio por um longo tempo, o desenvolvimento dos seus sistemas pode ser danificado, até o do sistema reprodutor.