(Por Folha de São Paulo) A República Democrática do Congo, situado no continente africano, emitiu um anúncio na quarta-feira, dia 01 de setembro, sobre um novo surto de Ebola na região leste do país, apresentando uma contagem de 20 vítimas fatais, por volta de uma semana depois de ter declarado o fim de uma epidemia na região noroeste.
A província de Kivu do Norte avisou o Ministério da Saúde um contingente de 26 casos registrados de febre com indícios hemorrágicos. Entre esses 26, 20 deles morreram, de acordo com informações passadas por meio de um comunicado oficial assinado por Oly Ilunga Kalenga, ministro da Saúde.
O surto aconteceu na região de Beni, em Kivu do Norte, baluarte de uma milícia de natureza islamita relacionada a Uganda nomeada como Forças Democráticas Aliadas (ADF).
“Neste ponto, não há indicação de que essas duas epidemias, que estão a mais de 2.500 quilômetros de distância, estejam conectadas”, falou.
Foram coletas 6 amostras de pacientes hospitalizados que chegaram até a capital, Kinshasa, no dia 31 de agosto, para a respectiva análise por parte do Instituto Nacional de Pesquisas Biométricas (INBR), emendou.
Das seis pessoas, 4 delas evidenciariam resultado positivo para a doença do vírus ebola. Um time de 12 especialistas do Ministério da Saúde chegaram a Beni nesta quinta-feira, dia 02 de setembro. Os técnicos da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização das Nações Unidas e do Banco Mundial também foram encaminhados ao país para auxiliar no caso.
Em 24 de julho, o próprio Ilunga declarou o fim de um surto de 10 semanas que acometeu o noroeste da República Democrática do Congo, ocasionando 33 mortes e deixando a comunidade internacional preocupadíssima.
Os casos eclodiram na cidade de Mbandaka, nas margens do rio Congo, com uma população superior a um milhão pessoas.
Para vários especialistas, uma doença contagiosa como essa em um ambiente urbano é muito mais complicada de ser contida do que no campo, sobretudo em um país economicamente desfavorecido e dotado um sistema de saúde frágil.
A epidemia foi combatida com o auxílio da OMS, que agilizou a ajuda de emergência, o que englobou equipamentos de proteção, e desbloqueou US$ 2 milhões em financiamento.
A OMS providenciou ainda uma vacina que se mostrou altamente eficiente em testes ao longo da pandemia da África Ocidental.
O último surto é o décimo que foi registrado na República Democrática do Congo desde o ano de 1976, período esse em que o vírus foi descoberto na região norte do país, que nessa época se chamada Zaire, e ganhou o nome de um rio que fica próximo dali.
Atualização da situação na República Democrática do Congo
A OMS fez um anúncio hoje, 03 de agosto, dizendo que o surto de Ébola na região nordeste da República Democrática do Congo permanece com “riscos substanciais”, a despeito da aparente melhoria no controlo da propagação do vírus.
Além das diversas cadeias de transmissão não identificadas, a prática de comportamentos negligentes – como enterros fora de conformidade das instruções das autoridades, resistência em efetuar a identificação da origem do contato, tanto na vacinação, quanto na admissão a centros de tratamento – puseram em serviço as equipes de combate.
Quatro dos 13 novos casos na existentes na cidade de Beni não continham ligações a potenciais contatos, o que inviabiliza as autoridades de obterem a localização do ponto de transmissão.
No último balanço feito no dia 29 de agosto, a OMS havia registrado 86 casos de vírus do Ebola, incluindo-se aí 47 mortes.
Esse é o segundo surto de Ebola no país, depois do ocorrido na província de Equador (noroeste do território). A doença no país, ate então, era endêmica, porém nunca tinha atingido duas áreas em conflito como atualmente.